
Vínculo Materno
O conceito de vinculação surgiu através do médico psiquiatra e psicanalista inglês John Bowlby, propondo uma conceção de ligações emocionais entre pais e filhos. Bowlby defendia que, para a criança ter um desenvolvimento emocional favorável, é essencial existir uma relação continuada com a sua mãe ou mãe substituta. Desta forma, para além de a mãe ser considerada a primeira figura de vinculação, a sua relação com o bebé constrói-se de forma gradual, ou seja, a criança vai-se aproximando da figura que lhe dá sustento, conforto, apoio e proteção e, a esta medida, vai aparecendo o medo perante o desconhecido e a contestação sentida em relação à separação que sente para com a mãe.
Segundo os autores Guedeney e Guedeney (2004, p. 35), "o sistema de vinculação propriamente dito tem um objetivo externo: estabelecer a proximidade física com a figura de vinculação, em função do contexto".
Assim, compreende-se que este sistema é feito de comportamentos e de componentes cognitivas e emocionais. Durante os primeiros meses de vida do bebé e à medida que se relaciona com figuras que considera corresponder aos seus comportamentos de vinculação, vai adquirindo, progressivamente, vários conhecimentos e várias expectativas na forma como estes respondem aos seus pedidos de ajuda e de proteção na capacidade de influenciar os outros (Guedeney & Guedeney, 2004).
Bowlby (1973) refere que o sistema comportamental do medo e da vinculação surgem, por norma, ao mesmo tempo e pelas mesmas razões, como por exemplo, quando uma criança se assusta, afasta-se e procura proteção e segurança junto da figura de vinculação, porém, se esta figura não estiver disponível, a criança é obrigada a enfrentar a "ameaça" sozinha. Ora, o facto de a criança ter de enfrentar sozinha aquilo que a assustou, sem poder recorrer a alguém que a proteja, faz com que a sua intensidade do medo aumente.
O autor supracitado refere ainda que a vinculação diz respeito à necessidade que os seres humanos têm em estabelecer laços e contatos emocionais, nomeadamente, com as pessoas mais próximas, iniciando com uma relação de vinculação mais restrita (com a mãe ou substituta) e, ao longo da sua vida, vai alargando para relações sociais e afetivas.
Atualmente, sabe-se que um bebé quando nasce já possui uma personalidade, formada ainda no ventre materno, e que é capaz de interagir e influenciar os outros através de uma série de sistemas comportamentais, entre os quais, o choro, a sucção, o agarrar, inicialmente, mais tarde, o sorriso e o balbucio e, a seguir, o gatinhar e o andar. Portanto, qualquer pessoa que interaja e que satisfaça as suas necessidades pode ser uma figura de vinculação para o bebé. A relação de vinculação precoce é fulcral para um bebé recém-nascido, na medida em que se fomenta a proximidade com a figura de vinculação, bem como o seu contacto físico com a mesma.
Desta forma, é pertinente mencionar que o bebé é capaz de identificar a figura materna praticamente desde o seu nascimento através dos sentidos e da voz, ou seja, gradualmente o bebé identifica a sua figura materna, e de vinculação, primeiramente com a voz, depois com a visão, seguindo para o olfato, e terminando com o tato. Quando o bebé reconhece o cheiro da mãe e a sente, exibe expressões faciais que denotam segurança e bem-estar, fortalecendo a sua relação.