Adaptação de uma criança à creche

   É comumente sabido que a creche merece ser considerada, de forma especial, nos primeiros anos de vida de um bebé e que é importante pensar nas medidas necessárias ao seu desenvolvimento, organizando um conjunto de estratégias integradoras e essenciais ao seu período de adaptação. De acordo com Valério (2015), existem autores que defendem que o período de adaptação de um bebé inicia com os primeiros contactos com a creche, contudo, outros autores defendem que é necessário primeiro avaliar as características individuais da criança, subjetivas às suas particularidades e valores, e verificar se são compatíveis com o contexto inserido.

   Estudos indicam que quando um bebé é colocado numa creche durante o seu primeiro ano de vida, tem de contactar diariamente com a descontinuidade da fase maternal e numa altura em que ainda não internalizou nem a representação de si próprio nem a da figura materna, sendo, por isso, pertinente ajustar e adequar a sua experiência às respostas do meio quem é envolvido.

   A adaptação de um bebé não é só difícil para si como também para a sua família. As primeiras semanas de um bebé numa creche são stressantes e a forma como este processo é vivenciado pelas famílias influencia e é influenciada pelas reações da criança, pois exige a necessidade de organizar estratégias de acolhimento e integração familiar.

   É comum no período de adaptação da criança serem sentidas e emitidas diversas reações na sua chegada à creche, quando é deixada pelos pais, na sua saída da creche ou quando os pais a vêm buscar. Estas reações podem divergir entre o choro, os gritos, o mau humor, o bater, deitar-se no chão, ficar passiva, apática, resistir à alimentação e ao sono, entre outros comportamentos que denotam sofrimento e dificuldades de adaptação. Portugal (1998) refere que quando um bebé é entregue e confiado a alguém que não os pais, as suas interações tornam-se mais limitadas, dado que o bebé perde os pontos de referência, resultado, desta forma, numa desorganização e angústia por parte da criança.

   Ao longo do tempo, a criança começa a adaptar-se cada vez mais à creche e deixa de exibir os ditos comportamentos de protesto, como o choro intensivo e o agarrar-se aos pais. Estes comportamentos devem ser respeitados, validados e valorizados, uma vez que são manifestações da criança a novas rotinas, sendo necessário acompanhar cada processo de adaptação e valorizar a comunicação com a mãe, tornando-se numa criança apta a explorar os espaços e os objetos (Portugal, 1998).

   Importa salientar que a adaptação na creche implica a separação entre a criança e a mãe e, por isso, é natural a criança apresentar diferentes reações. Estas reações podem estar, em contrapartida, associadas a diferentes fatores como "diferenças individuais do bebé ou criança pequena, a qualidade da relação que mantém com os pais, assim como às condições e ao tipo de cuidados que a criança recebe na creche bem como à duração da separação" (Valério, 2015, p. 46).

   Nestas situações, é necessário serem mobilizadas estratégias para a criança se adaptar à nova situação que, muitas vezes, coincide com a primeira experiência de separação prolongada com a figura cuidadora. Assim, a adaptação à creche consiste num processo gradual em que cada criança precisa do seu tempo para se adaptar, cujo deve ser respeitado, de forma individualizada, e não o contrário, predispondo um tempo determinado para este período. Este tempo de adaptação requer que a criança adquira confiança em si mesma e que os pais lhe transmitam sentimentos de afeição, mostrando que no início e no fim do dia, estão disponíveis interinamente para a criança.


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