
Afinal o que os bebés fazem no berçário? - Paulo Fochi
Paulo Fochi, durante o seu mestrado, acompanhou nove bebés entre os 6 e os 14 meses, para tentar perceber o que fazem nos momentos em que o adulto não intervém diretamente. Neste acompanhamento, acabou por observar apenas oito bebés porque percebeu (através dos gestos e dos sentidos) que um deles não queria participar.
A forma de comunicação do bebé é através dos sentidos e dos gestos, recorrendo à linguagem corporal para comunicar com o adulto.
A professora puxou todos os bebés que estavam a fazer algo pela sala, felizes e concentrados para fazerem o que ela queria- explorar o celofane. O resultado desta atividade foi todos os bebés fugirem e não revelarem interesse, com exceção de um, o único bebé que ainda não se desloca autonomamente.
A certa altura, os bebés voltaram a aproximar-se da caixa, mas não a exploravam nem tinham interesse, por isso não encontravam o celofane. A professora, perante esta situação, acaba por ser tirar o celofane da caixa e só neste momento é que os bebés começam a revelar interesse. Com esta ação, a professora queria que os bebés explorassem todos a caixa e ao mesmo tempo. No entanto, para os bebés, a caixa não era assim tão importante naquele momento para interromper o que estavam a fazer. Deste modo, salienta-se que não aprendemos todos da mesma forma, da mesma maneira e ao mesmo tempo. Cada um de nós tem o seu ritmo de aprendizagem, o seu tempo para adquirir conhecimentos, capacidades e habilidades.
O bebé mais velho do grupo, com 16 meses, tinha iniciado a marcha recentemente e, por isso, queria explorar o seu redor. Quando isto acontece e a professora oferece para explorar uma panela, um rolo, uns cones, umas colheres, etc., o bebé irá automaticamente explorar as divisórias da casa que contém estes materiais, isto é, explorará primeiro a cozinha pois é o local onde vê os materiais, fazendo essa associação de forma autónoma.
Na exploração inicial dos objetos e o bebé prende um objeto sem o conseguir retirar, tem de ter a oportunidade de pensar primeiro como o fazer e o adulto deve dar-lhe essa liberdade e não intervir. O adulto apenas intervém quando percebe que o bebé não consegue fazer autonomamente, encorajando-o até conseguir fazer sozinho.
Resumindo, o adulto deve encorajar o bebé a tornar-se mais autónomo e a explorar o mundo ao seu redor sozinho. O bebé e todos nós aprendemos ao nosso ritmo, à nossa maneira e não ao mesmo tempo.